Sem pobres, sem capital

01/10/2021 00:01

 

“A reprodução da vida do pobre é confiada ao trabalho, que é atividade vital; aliás, Dussel afirma que o trabalho é “atualidade da vida”. O dinheiro, que ainda não é capital, procura justamente o pobre para comprar sua força/trabalho. Mas o pobre com sua capacidade de trabalho é o não-ser do capital. Existe, portanto, um contrato entre dinheiro e trabalho, entre capital e pobre. O pobre é subsumido de fora do capital, dentro do modo de produção do capital; sua força/trabalho é apropriada pelo capital. Se não houvesse pobres, o capital e sua reprodução não poderiam existir. A pobreza é a vida do capital, porque quando o dinheiro coloca em contato força/trabalho, ferramentas de trabalho e matéria-prima, então pode nascer o valor, que é, portanto, um ser, um processo que nasce do não-ser do capital.”

 

Artigo O Marx de Enrique Dussel, de Antonino Infranca, professor de filosofia, publicado no jornal eletrônico IHU Online de 30/09/2021