Repressão e consumo

24/09/2015 13:56

"Para a grande maioria da população, o espírito e o corpo sempre foram sentidos como instrumentos de desempenhos penosos e 'socialmente necessários'. De fato, toda a cultura, e particularmente a religião e a moralidade introjetadas, insistiu nessa necessidade - parte do destino humano, uma condição prévia de recompensas e satisfações futuras. A racionalidade da repressão organizada no modo de produção capitalista era óbvia: servia à conquista da escassez e ao domínio da natureza; tornou-se uma força propulsora do progresso técnico, uma força produtiva. Hoje o caso é inverso: essa repressão está perdendo a sua racionalidade. O 'ascetismo secular e subjetivo' não se coaduna com a sociedade de consumo; é substituído por um keynesianismo extremado."

Herbert Marcuse, Contra-revolução e revolta