O "eu" e a morte

19/03/2018 22:14

"Cada fio de cabelo da nossa cabeça contêm uma célula viva com nosso completo conhecimento biológico, contido na célula na forma de sua genética. Se arrancarmos um fio de cabelo de nossa cabeça, este fio morrerá. Em um certo sentido, porque o fio tem uma cópia de nossa singular biologia, é permitido dizer que morremos. Certamente, do ponto de vista do fio de cabelo é verdade dizer 'eu morri'. Mas, evidentemente, o fio é somente uma de incontáveis células capilares e somente uma das centenas de trilhões de outras células do nosso corpo, todas contendo nossa instruções genéticas. Sob este ponto de vista mais amplo, sob ponto de todo o organismo, é verdade de que 'eu ainda estou vivo'. A visão do fio de cabelo é o ponto de vista do nosso 'eu'.  Se somos arrancados da vida, então sob ponto de vista de nosso eu é verdadeiro dizer 'eu morri'. Mas, somos parte de uma linhagem familiar; nós compartilhamos toda a nossa herança genética e cultural com bilhões de outros humanos, compartilhamos 98% de nossa genética com outros primatas. Como Einstein observou, é enganador conceber a nós mesmos somente como um ser individual, isolado e mortal. Existe um ponto de vista a partir do qual é verdade dizer 'eu não morri' e este ponto de vista pode ser alcançável expandindo nosso sentido de 'eu'."

 

John Campbell, Universal Darwinism: the path of knowledge (tradução de Ricardo E. Rose)