No lugar errado e na hora errada

27/10/2020 12:31

"Um estudo de 2015 feito pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) concluiu que, 'para cada 1% de floresta derrubada anualmente na Amazônia, há um aumento de 23% na incidência de malária e de 8% a 9% na de Leishmaniose', uma doença que, se não tratada, causa desfigurações e pode levar à morte. Com exceção dos vírus que provocam a febre amarela urbana, a febre da dengue, a chicungunha, a zika e a febre do oropouche - patógenos urbanos cujo hospedeiro preferencial é o homem - nenhum dos outros arbovírus amazônicos precisaria de nós para se reproduzir. Somos tangenciais para a sobrevivência deles. Contudo, se estivermos no lugar errado na hora errada (lugar certo e hora certa na perspectiva do vírus), se reduzirmos os reservatórios naturais de hospedeiros - aquele conjunto de espécies em que patógenos residem sem causar doenças graves -, então o salto poderá ocorrer."

 

Artigo O elefante negro, de João Moreira Salles, publicado na revista Piauí de outubro de 2020