Nietzsche e Pascal

10/02/2016 16:01

"Além disso, o amor fati nietzschiano implica a compreensão do prazer e do desprazer. Ambos estão intimamente ligados. Amar a própria vida com todas as suas possibilidades e limites conduz necessariamente a assumir os reversos daquilo que buscamos. A vida não é só feita de alegrias e prazeres. Ela envolve também as desilusões, os desprazeres e, obviamente, o sofrimento. A dor está imbricada na vida, está na raiz de todas as coisas."

"O diverimento (divertissement) faz com que o homem se esqueça de quem ele é. Incita-o a uma realidade diversa da verdade sobre si. Nega a característica miserável da vida. Busca evitar a dor pelas distrações momentâneas e passageiras, evitando a totalidade da existência, marcada tanto por alegrias como tristezas, prazer e dor. O divertimento surge como uma atração que tira o olhar de si e das próprias mazelas. O homem buscou encontrar felicidade tentando evitar pensar na infelicidade. 'Não tendo os homens podido curar a morte, a miséria, a ignorância, resolveram, para ficar felizes, não pensar nisso.'"

 

Thiago Calçado, O sofrimento como redenção de si - Doença e vida nas filosofias de Nietzsche e Pascal