Ilusão, ilusões

03/04/2017 11:02

"Então, nossos ancestrais medievais eram felizes porque encontravam sentido na vida em ilusões  coletivas sobre a vida após a morte? Sim. Contanto que ninguém destruisse suas fantasias, por que não? Até onde sabemos, de um ponto de vista puramente científico, a vida humana não em sentido. Os humanos são o resultado de processos evolutivos cegos que atuam sem propósito ou objetivo. Nossas ações não são parte de um plano divino, e, se o planeta Terra explodisse amanhã, o universo provavelmente seguiria em frente como de costume. Até onde podemos afirmar no presente momento, a subjetividade humana não faria falta. Portanto, qualquer significado que as pessoas atribuem à própria vida é apenas uma ilusão. Os sentidos sobrenaturais que os medievais encontravam em sua vida eram não mais ilusórios do que os sentidos humanistas, nacionalistas e capitalistas que as pessoas de hoje  encontram. O cientista que afirma que sua vida tem sentido porque ele contribui para um aumento no conhecimento humano, o soldado que declara que sua vida tem sentido porque ele luta para defender sua terra natal e o empreendedor que encontra sentido em construir uma nova empresa são não menos iludidos do que seus seeljantes medievais que encontravam sentido lendo as Escrituras, participando de uma Cruzada ou construindo uma nova catedral."

 

Yuval Noah Harari, SapiensUma breve história da humanidade